terça-feira, 9 de setembro de 2008

FIM DE TARDE



FIM DE TARDE


Obscuro momento.

Enclausuro o real

numa roda de fogo

e contemplo no ar

a fumaça do sonho.


Sonia R.

ESTRADA SÓ



ESTRADA SÓ

Trouxe nas mãos um poema
nos olhos, um brilho único,
nos lábios, um nome só.

De mãos vazias agora
[ e tantas estrelas mortas! ]
colho da flor o espinho,
da madrugada o frio,
da estrada o pó.

... enquanto soluça , no violão,
uma nota só.

Sonia R.

EM SILÊNCIO





Gosto das cenas mudas
que imagino lá fora.
Além, muito além
das silenciosas pedras,
pressinto o mundo no vagar
das câmeras lentas.
Gosto das horas lerdas
que levam para além das pedras
o burburinho dos riachos
e o canto dos pássaros.
Gosto do som aquém das pedras,
barreira de conforto que me isola
das rimas fáceis da falsa poesia
e me traz a inspiração derradeira
extraída sem beijo e sem estesia
da dor sentida e engolida
desta impregnada melancolia.




Sonia R.

DESTEMOR







Quero abstratos.

Rompo o casulo do tempo

que encasca os medos

espremo o sumo da dor

fluido de ensinamentos

e dôo seus engaços

sem ácido

ao átimo que relanceia

a fluição plena

do tempo despido das horas.



Sonia R.

IMAGÉTICO







Mas eu não vou mais
repisar os passos
refazer o caminho
tropeçar num descuido
e ferir uma crença.

Deixarei o perfume
da flor sem espinho
efígie do sonho
fluido quimérico
fechado num frasco
de aromas dispersos.



.
Sonia R.